terça-feira, 23 de fevereiro de 2010



Ela gostava de acordar cedo, ouvia Jack Johnson e Ana Carolina, lia livros de romance, comia chocolate depois do almoço, saia com os amigos, dançava conforme o ritmo, fazia faculdade e tinha um trabalho bem bacana. Como sabia ela, gostava da vida que levava. Certa manhã avistou próximo ao jardim de sua casa um portão desconhecido e resolveu atravessá-lo. Do outro lado conheceu um lugar completamente diferente, rodeado de gente divertida, bosques arborizados, ruas largas e floridas, um lugar onde todos eram felizes e não se preocupavam com o futuro. Encantada com aquela realidade, ela ficou ali por um tempo. Fez novas amizades, provou novos sabores, ouviu novas músicas e dançava sempre que sentia vontade. Depois de uns dias ela percebeu que precisava voltar. Ao ultrapassar novamente o portão, ela reparou que seu antigo mundo era exatamente o mesmo, o jardim continuava lá com suas devidas flores, sua casa não mudara, nem seus amigos e nem seus livros haviam ao menos envelhecido. Acontece que a música de Jack Johnson não mais lhe soava bem aos ouvidos, o trabalho perdera a graça, o chocolate não tinha mais o mesmo sabor e não mais lhe deu vontade de dançar. Ali, parada diante da vida e do portão que não mais abrira, ela percebeu que depois de experimentar um mundo novo é verdadeiramente difícil recuperar o sentido das coisas e o porquê de se estar onde está.


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010



A menina olhava aquela imensidão verde musgo. Ali parada no topo da escada ela calculava a distancia entre os seus três anos de idade e o impulso necessário para alçar vôo. Nem a parede branca que a aguardava e nem suas pernas curtas a faziam desacreditar que poderia descer ao térreo sem pisar nos degraus. Ali, absorta na sensação que estava prestas a sentir e na liberdade que a simples imaginação lhe trazia, ouviu a voz da proteção: "Saia daí! Vai cair e se machucar!". Sabendo que podia voar, e brava por não acreditarem nela, a menina contrariou a voz da segurança e voou. Inebriada em euforia, nervosismo e liberdade ela nem percebeu a queda, via apenas o carpete verde sob seus pés e aquela sensação tão gostosa de novidade e aventura. Quando a mãe a buscou, caída no último degrau, ela despertou: "Eu avisei que tu ia se machucar!" Mas a menina sorria e sabia, dentro dela, que havia sobre-voado os dois primeiros degraus. Pouco importava a queda e os machucados. Ela sabia. E aquela sensação valia por qualquer conseqüência. Daquele dia em diante a menina baseou toda a sua vida nos dois primeiros degraus e, ao contrário de muitos, ela voou.


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010


...mas, no fim, sempre estarão lá aqueles por quem voltaríamos mil vezes...


domingo, 7 de fevereiro de 2010




"Durante a nossa vida
Conhecemos pessoas que vem e que ficam,
Outras que, vem e passam.
Existem aquelas que,
Vem, ficam e depois de algum tempo se vão.
Mas existem aquelas que vem e se vão com uma enorme vontade de ficar..."


'Voltando pra casa'



sábado, 6 de fevereiro de 2010


Ainda ontem li uma frase que dizia: "Procure viver pela paz, não por conflitos." Bom, devo dizer que quem escreveu isso provavelmente vive em pé de guerra. Só quem verdadeiramente experimentou a calmaria de uma vida tranqüila sabe que isso é uma chatisse monótona e sem graça. É preciso ter conflito, é preciso ter idéias incertas e barreiras a ultrapassar. O que seria do time de futebol sem o adversário? O que seria do filho que pode tudo sem nunca precisar enfrentar os pais? O que seria do namoro sem ceninhas de ciúmes, sem a incerteza em relação aos sentimentos da outra pessoa? É isso que nos movimenta, que nos dá vontade de seguir em frente. Quando tudo é calmaria perde a graça. Cansa viver no conflito, eu sei, mas também cansa viver sem ele. Porque a mulher acaba preferindo sempre o cafajeste? Porque o homem acaba escolhendo sempre aquela que não o ama? É isso, o conflito. É ele que faz com que a relação seja uma eterna conquista. É ele que faz com que as pessoas sintam algo diferente, sintam-se vivas. Albert Camus disse uma vez: "Abençoados os corações que conseguem se curvar, pois nunca serão partidos." Mas eu me pergunto: se não se partirem, não haverá cura. Não havendo cura, então, não haverá aprendizado. E se não houver aprendizado, não terá luta. Mas a luta é uma parte da vida. Então devem todos os corações partirem? Bom, antes um coração partido do que um coração vazio.


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010


"E se é verdade que o tempo não volta, também deveria ser verdade que os amigos não se perdem."
Caio Fernando Abreu


quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

...fazendo as malas...


É no mínimo curioso sair de casa com apenas uma mala de 29kg e voltar 6 meses depois com 3 malas de 32kg... e é no mínimo questionável a quantidade de caco que a gente junta... 'Nossa! Olha esse panfleto! Vou guardar!'... 'Nossa! Olha que barato esse livro! Vou comprar'...'Nossa! Olha essa pedra! Vou levar de recordação!'... Depois a gente se esquece que as companhias aéreas não estão interessadas na importância que os objetos têm pra você. E na hora de optar pelo que deixar pra trás? Um pedaço do Muro de Berlin ou uma porcelana inútil que você ia dar de presente? Sim, sinto muito, prevalecem os presentes! E ah! Não esqueça: se comprar pro fulano tem que comprar pro ciclano. Aqueles tios que moram na outra ponta do Brasil? Resolveram passar as férias, leva alguma coisa pra eles também. Sua prima? Ta namorando, o namorado vai ir te conhecer... É, deixe seus livros novos, seus muros de Berlin, seus panfletos e mais algumas roupas usadas... E reze pra que a família não cresça enquanto você está fora...


terça-feira, 2 de fevereiro de 2010


"Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações da infância. Preciso de um amigo para não enlouquecer, para contar o que vi de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças d´água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim. Preciso de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já tenho um amigo. Preciso de um amigo para parar de chorar. Para não viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que bata nos ombros sorrindo e chorando, mas que me chame de amigo, para que eu tenha a consciência de que ainda vivo"
Vinícius de Moraes