quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010



A menina olhava aquela imensidão verde musgo. Ali parada no topo da escada ela calculava a distancia entre os seus três anos de idade e o impulso necessário para alçar vôo. Nem a parede branca que a aguardava e nem suas pernas curtas a faziam desacreditar que poderia descer ao térreo sem pisar nos degraus. Ali, absorta na sensação que estava prestas a sentir e na liberdade que a simples imaginação lhe trazia, ouviu a voz da proteção: "Saia daí! Vai cair e se machucar!". Sabendo que podia voar, e brava por não acreditarem nela, a menina contrariou a voz da segurança e voou. Inebriada em euforia, nervosismo e liberdade ela nem percebeu a queda, via apenas o carpete verde sob seus pés e aquela sensação tão gostosa de novidade e aventura. Quando a mãe a buscou, caída no último degrau, ela despertou: "Eu avisei que tu ia se machucar!" Mas a menina sorria e sabia, dentro dela, que havia sobre-voado os dois primeiros degraus. Pouco importava a queda e os machucados. Ela sabia. E aquela sensação valia por qualquer conseqüência. Daquele dia em diante a menina baseou toda a sua vida nos dois primeiros degraus e, ao contrário de muitos, ela voou.


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