terça-feira, 23 de fevereiro de 2010



Ela gostava de acordar cedo, ouvia Jack Johnson e Ana Carolina, lia livros de romance, comia chocolate depois do almoço, saia com os amigos, dançava conforme o ritmo, fazia faculdade e tinha um trabalho bem bacana. Como sabia ela, gostava da vida que levava. Certa manhã avistou próximo ao jardim de sua casa um portão desconhecido e resolveu atravessá-lo. Do outro lado conheceu um lugar completamente diferente, rodeado de gente divertida, bosques arborizados, ruas largas e floridas, um lugar onde todos eram felizes e não se preocupavam com o futuro. Encantada com aquela realidade, ela ficou ali por um tempo. Fez novas amizades, provou novos sabores, ouviu novas músicas e dançava sempre que sentia vontade. Depois de uns dias ela percebeu que precisava voltar. Ao ultrapassar novamente o portão, ela reparou que seu antigo mundo era exatamente o mesmo, o jardim continuava lá com suas devidas flores, sua casa não mudara, nem seus amigos e nem seus livros haviam ao menos envelhecido. Acontece que a música de Jack Johnson não mais lhe soava bem aos ouvidos, o trabalho perdera a graça, o chocolate não tinha mais o mesmo sabor e não mais lhe deu vontade de dançar. Ali, parada diante da vida e do portão que não mais abrira, ela percebeu que depois de experimentar um mundo novo é verdadeiramente difícil recuperar o sentido das coisas e o porquê de se estar onde está.


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